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Campanhas sobre o plebiscito seguem sem empolgação

Iniciada oficialmente no dia 13 de setembro, a campanha para o plebiscito sobre a divisão do Pará ainda não empolgou os eleitores. Nas ruas das principais cidades do Estado, já há carros com adesivos a favor ou contra a medida, alguns eventos como carreatas foram realizados, mas, no geral, o clima ainda é morno mesmo no sul e oeste do Estado, regiões onde o movimento separatista é mais forte.

A votação está marcada para 11 de dezembro, um domingo. Os paraenses devem ir às urnas dizer se aceitam alterar o mapa do Pará para criar dois novos estados: Carajás e Tapajós.
TERMÔMETROS

Um indicador do ritmo lento da campanha são os recursos que têm caído a conta-gotas nos cofres das frentes que coordenam a defesa das propostas.

Como já era esperado, o movimento pró-separação tem sido bem mais aquinhoado com recursos. Mesmo assim o valor das doações até agora está longe dos milhões que podem atingir a campanha. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizou gastos de até R$ 10 milhões para cada uma das frentes, num total de R$ 40 milhões.

Na primeira prestação de contas – entregue ao Tribunal Regional Eleitoral no dia 11 deste mês -, a Frente Pró-Estado do Tapajós apareceu como campeã de recursos arrecadados. Declarou já ter recebido doações no valor de R$ 87,2 mil, mais de dez vezes o valor arrecadado pela frente contra Tapajós, que recebeu apenas R$ 6,4 mil.

A Frente Pró Estado de Carajás ainda não tinha registrado doações, segundo dados apresentados ao TRE, mas o presidente, deputado estadual João Salame, informou que até sexta-feira (21), já havia R$ 300 mil em caixa - que serão declarados na próxima prestação de contas, que tem que ser apresentada até o dia 11 de novembro.
CAMPANHA DOADA

As duas frentes pró-divisão têm como marqueteiro o baiano Duda Mendonça, responsável pela campanha vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência, em 2002. No mercado, comenta-se que um trabalho desse tipo custaria em torno de R$ 10 milhões, mas Mendonça, que possui fazendas na região sul do Estado, tem declarado que doou a criação das peças publicitárias. Ainda assim, há expectativa de gastos com as peças. “Não é barato fazer campanha em um Estado com as dimensões do Pará”, admite o deputado federal Lira Maia, que preside a frente Pró Tapajós.

Prima pobre entre as frentes, a que combate a criação do Estado do Tapajós é a que enfrenta mais resistência dos potenciais doadores. Segundo dados registrados no Tribunal Regional Eleitoral, arrecadou até agora apenas R$ 6,4 mil. “O comprometimento do empresariado local com a frente tem sido zero. O que temos são ações pontuais de pessoas físicas”, reclama o líder do movimento, deputado estadual Celso Sabino.

Sabino diz que a arrecadação final não deve chegar nem próximo à metade dos R$ 10 milhões autorizados pelo TSE.

“Deve ser difícil convencer as pessoas a fazerem doações contra um sonho”, ironiza o separatista Salame diante dos números ainda pífios de recursos do grupo antisseparatista. Depois, sério, diz que também tem enfrentado dificuldades. “Quando se vai pedir doações para um candidato já há uma simpatia, uma identificação com a pessoa. Pedir para uma ideia é mais difícil, mas estamos conseguindo, aos poucos”.

O presidente da Frente contra a criação de Carajás, deputado federal Zenaldo Coutinho, também admite que até agora as doações ficaram abaixo da expectativa, mas diz que à medida que a campanha ganhe corpo, com o início da propaganda no rádio e TV, no dia 11 de novembro, os recursos, devem aumentar

A Frente contra Carajás declarou a o TRE ter recebido, até o dia 10 de outubro, doações que somavam R$ 16,5 mil.
Ao ritmo de feijoadas e leilões de gado

Leilões de gado, feijoadas, churrasco, jantares promovidos por senhoras e campanhas nas redes sociais. Com a baixa adesão dos grandes doadores, os organizadores das frentes contra e a favor à divisão do Pará devem recorrer a velhas e novas táticas para conseguir dinheiro para as campanhas.

Os separatistas do sul, região apontada como a mais rica do Pará, devem recorrer a leilões de gado doados por pecuaristas da região. O primeiro está previsto para o próximo dia 30, em Xinguara. “Vamos ver ainda a parte legal dessas doações. Ou as pessoas participam do leilão com renda revertida ou fazem a doação individual. Nosso jurídico está avaliando, mas esse não será o forte da nossa arrecadação. A base das doações vem de profissionais liberais e dos empresários da área urbana”, diz João Salame, contando que grupos de senhoras da região também se organizam para promover jantares com objetivo de arrecadar dinheiro.

A Frente contra a Criação de Carajás também analisa a possibilidade de usar as mesmas armas. O presidente Zenaldo Coutinho conta que planeja leilões de gado em Belém, Castanhal, Tomé-Açu e Paragominas. “Também temos pecuaristas”, diz. O deputado não dá detalhes sobre os eventos. “Ainda estamos em fase de definições”.

A frente contra Carajás já realizou uma feijoada no clube Assembleia Paraense com ingresso a R$ 100. O próximo evento será um churrasco com data e local ainda a ser definido.
NA WEB

As frentes pró e contra Tapajós devem apelar para as novas tecnologias. Vão lançar campanhas de arrecadação na Internet. “Temos recebido muita ajuda das pessoas por meio de redes sociais. Nossa campanha é embalada pelo povo porque não tem dinheiro”, diz Sabino.

Sabino conta que a frente coordenada por ele já distribuiu 60 mil adesivos para automóveis contra a criação do Tapajós, tudo fruto de esforço de pessoas físicas que contribuíram com a campanha.

A expectativa dos comandantes das quatro frentes é que de só com o início da propaganda no rádio e TV, em novembro, a disputa ganhará corpo, ocupe as ruas e, por consequência, sensibilize os doadores. “A partir daí, com certeza vai ficar mais fácil arrecadar e aquecer a campanha”, diz Lira Maia da frente Pró Tajapós.
No sul do Pará, pequenas ações integram mobilização

A campanha a favor da criação do Estado do Carajás nas regiões sul e sudeste do Pará segue com palestras e reuniões, além de festas e leilões para angariar fundos.

Em Marabá, a mobilização é realizada, principalmente nas comunidades mais afastadas, além de associação de bairros e nas invasões do município. “Estamos programando visitas também nas escolas públicas e faculdades”, adiantou Fred Silveira, da Comissão Brandão Pró-Emancipação do Estado de Carajás.

Nas rede sociais também se organiza uma grande festa, a ocorrer em uma boate no dia 11 de novembro. A comissão também vai recomeçar a partir desta semana o adesivamento de veículos e a distribuição de panfletos.

Três debates das frentes contra e a favor da criação dos Estados de Carajás e Tapajós marcaram a semana. Em Marabá, houve um encontro das mulheres na Casa das Crianças, no bairro Santa Rosa, na Marabá Pioneira.

“Reuniões têm acontecidos em todos os instantes”, confirma Magda Alves, da Comissão Mulheres Pró-Carajás. Durante as reuniões têm se discutido ações para a defesa da criação do Estado do Carajás.
OURILÂNDIA

O Comitê Pró-Carajás de Ourilândia do Norte realizou ontem uma carreata que planejou reunir 20 mil pessoas. Gilson Valadares, presidente do Instituto Pró-Carajás, informou que naquele município houve a unificação dos partidos e igrejas na luta pela criação do Estado de Carajás.

No município estão ocorrendo reuniões e também há a organização de um leilão que arrecadará dinheiro para a campanha.
REDENÇÃO

Estão ocorrendo mobilizações nos bairros. Nos encontros, as lideranças do movimento a favor da separação estão tirando dúvidas da população. “É um trabalho mais próximo das pessoas, para sanar algumas dúvidas”, justifica Caroleide Sander Pedreira, do Comitê Pró-Carajás de Redenção.
SANTANA DO ARAGUAIA

O Comitê Pró-Carajás de Santana do Araguaia está fazendo palestras em escolas e marca entrevistas em rádios para conscientizar a população. Marcos Marques, da comissão do município, afirma que tão logo a campanha de rua seja autorizada o grupo intensificará a mobilização. (Diário do Pará)

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