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Castor, o homem do gol contra

Um lance de pouco mais de oito segundos mudou para sempre a vida de Rozivan Pantoja de Melo. O ano era 1996. Oitavas de final da Copa do Brasil disputada entre Clube do Remo e Corinthians. O primeiro jogo terminou empatado em 0 a 0. Para se classificar, bastava ao Leão uma vitória simples no segundo jogo em casa. O Leão vencia por 1 a 0 e o Mangueirão estava em festa. O jogo foi para os acréscimos e as quartas de final estavam a um passo. 47 minutos do segundo tempo. Depois de dois chutes dos paulistas, Rozivan tentou cortar, mas acabou jogando contra o próprio gol: a passagem para a próxima fase da Copa do Brasil era do Corinthians. O Mangueirão emudeceu e se revoltou com Rozivan, mais conhecido como Castor, o “homem do gol contra”.
“Se pudesse voltar no tempo, não teria voltado para o campo de defesa, acho que (o gol contra) acabou com a minha carreira. Porque tinha proposta pra vários times grandes, como Grêmio, Vasco...”, relembra Castor. 15 anos depois, com 39 anos, o ex-jogador não tem dúvidas: “Eu sou mais lembrado por esse lance. Até um repórter da Rádio Clube foi fazer uma cobertura internacional, e quando ele voltou disse pra mim: ‘É, Castor, você está reconhecido internacionalmente por esse gol contra”, lembrou.
Daquela fatídica noite, Castor explica: “Foi um lance muito estranho. Eu era atacante e tinha entrado na partida para armar os contra-ataques e não passar do meio. No final, na ânsia do jogo, na pressão que o Corinthians fazia, acabei voltando por conta própria”, descreve, prosseguindo. “Aquela bola veio com tanto efeito, que bateu no gramado e quando chutei, acabei pegando de três dedos”, completa Castor.
NOVA VIDA
Hoje, há sete anos aposentado dos gramados, Castor tomou um novo rumo na vida. Há dois anos passou a trabalhar em uma distribuidora de gás de cozinha e, há quatro, se tornou pai de João Victor. E ele admite. “A maior pressão era da torcida, que passou a pegar no meu pé”, diz. No entanto, ele desmente qualquer boato de que tenha sofrido ameaças de morte de torcidas organizadas. “Sempre fui um cara muito simples e me dava bem com a torcida azulina. Acho que por isso que não houve represália. Cumpri meu contrato com o Remo e saí. Queria dar uma respirada com essa história do gol contra”, confessa.
O ex-atacante garante que não se incomoda por ser lembrado por esse lance. “Vejo com naturalidade. É uma rotina na profissão de futebol. Conheço vários colegas que fizeram gols contras e estão aí”, afirma. O gol contra ofuscou uma carreira de 14 anos que, mesmo com o episódio da Copa do Brasil, teve seu apogeu no Leão Azul. “Foram quase três anos lá. Conquistamos um tricampeonato que foi histórico, porque ganhamos invictos. Fui artilheiro e ganhei vários prêmios e notoriedade nacional”, diz.
A saudade do mundo da bola é grande. “Eu sonho, às vezes”, diz ele com um sorriso no rosto. “Sonho que estou jogando. É uma vida muito boa, não me arrependo de ter sido jogador”. O homem que teve sua vida mudada em oito segundos, também conviveu com a falta de planejamento. “Ganhei muito dinheiro, mas eu não soube aplicar”, diz ele que aconselha: “O futebol ensina muita coisa. Uma delas é ter perseverança e confiar em si”. (Diário do Pará)

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