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Saúde: médicos suspendem atendimento

Em assembleia realizada na noite desta segunda-feira (21), os cooperados da Cooperativa dos Profissionais de Saúde da Amazônia (Amazoncoop) decidiram paralisar o atendimento depois do atraso nos pagamentos de salários que já dura quatro meses. Os médicos cooperados, 350 no total, aguardaram até o início da noite o encaminhamento de um comprovante de depósito bancário no valor de R$ 2.439.990,00, referentes aos meses de julho e agosto, que seria encaminhado pela Sesma, mas que acabou não ocorrendo.
Segundo a assessoria da Amazoncoop, como não obtiveram nenhuma posição da Sesma e ontem encerrava também o contrato da cooperativa com a Prefeitura de Belém, os médicos decidiram encerrar o atendimento nas unidades de saúde administradas pela Sesma. “No futuro, caso a Sesma não se manifeste (sobre os pagamentos atrasados), a dívida será cobrada em juízo”, afirmou a assessoria.
Os médicos atuam por meio de contrato com a Prefeitura de Belém em unidades de saúde municipal. Em reunião no Ministério Público do Estado na manhã de ontem, a secretaria afirmou que efetuaria o pagamento dos salários referentes a junho e julho, ainda ontem; e o de setembro seria pago na próxima segunda-feira. Tudo alarme falso.
A dívida da Sesma com os cerca de 350 médicos de várias especialidades que trabalham no setor de urgência e emergência da Região Metropolitana de Belém soma R$ 5,9 milhões, que inclui os meses de junho a outubro.
De acordo com o diretor geral da Sesma, Roberval Feio, está sendo esperado um repasse do governo do Estado para que estes valores sejam atualizados. “Já foi aberto um processo licitatório para renovação do contrato, esperamos que os médicos aceitem a proposta da prefeitura”, disse, ontem à tarde. Segundo ele, a renovação do contrato com a cooperativa é necessária, pois dela fazem parte profissionais especialistas em áreas com número escasso de profissionais. Quanto ao mês de outubro, Roberval garantiu que o pedido de pagamento só chegou até as mãos dele no dia 18 de novembro, desta forma, ele informou que será preciso esperar um pouco, mas não deu previsão de data.
Com o não-pagamento, o Samu, os prontos-socorros do Guamá, 14 de Março, Bengui, as unidades municipais de saúde do Jurunas, Cotijuba, Carananduba, Icoaraci e Hospital Geral do Mosqueiro vão ficar sem 70% dos médicos de urgência e emergência.
A categoria afirma que dos cerca de 350 profissionais sem receber, pelo menos 10% dependem exclusivamente do contrato com a Sesma. São em grande parte clínicos gerais e pediatras que se dedicaram exclusivamente ao atendimento na rede pública municipal de saúde. Os meses de junho e julho foram pagos parcialmente pela prefeitura, o restante foi completado pela Amazoncoop. “Em agosto pagamos com o dinheiro que restava”, lembra Luiz Fausto, presidente da cooperativa.
De acordo com Luiz, em abril de 2011, a prefeitura chamou às pressas a Amazon-coop para prestação de serviços. No entanto, a oficialização do contrato só ocorreu em maio. Investindo recursos próprios para os médicos continuarem trabalhando, a Amazoncoop já possui um rombo no caixa de R$ 1,9 milhão. “Na verdade, estávamos pagando para trabalhar”, avalia Fausto.
Profissionais do Samu cruzam os braços hoje
Os profissionais do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu-192) realizam, a partir das 7h de hoje, uma paralisação de 12 horas. O atendimento essencial à população será mantido pelos profissionais do SAMU. A categoria reivindica o pagamento do adicional de turno, vale-alimentação e melhores condições de trabalho, entre outros.
Carlos Haroldo Costa Junior, diretor da associação do SAMU-192, disse que a paralisação dos profissionais é um instrumento de pressão contra a Secretaria Municipal de Saúde e Meio Ambiente e a Prefeitura de Belém. “A Sesma pretende criar um plano de carreira e salários e queríamos participar desse debate. Queremos melhores condições de trabalho e substituição de equipamentos obsoletos. O caos na saúde está gritante”, afirmou.
Carlos também reclama da terceirização de exames, como os exames de raio-x, que deveriam ser realizados nos pronto-socorros da capital, mas os equipamentos estão sucateados e o serviço foi terceirizado pela secretaria de saúde. “A Sesma acabou sucateando os equipamentos com finalidade de atrasar os resultados e terceirizou o serviço”.
O diretor da associação do SAMU, explicou a importância dos exames de raio-x no atendimento aos pacientes. “Temos de ter esse exame em 30 minutos. Não tem como o médico fazer uma cirurgia sem esse exame. Mas agora só chega 2 ou 3 dias depois, depois que o paciente morre. Essa vida não tem como voltar”, ressalta.
Técnicos, motoristas, assistentes administrativos e outras categorias ligadas ao SAMU iniciaram a paralisação a partir das 7h só retornando ao trabalho às 19h. Será mantido apenas o atendimento emergencial e os trabalhadores se concentraram em frente à sede do SAMU, localizada na travessa Castelo Branco, bairro de Fátima.
Apesar das tentativas, não foi possível ouvir a Sesma sobre as situações denunciadas por Carlos Haroldo. Carlos Haroldo garantiu ainda que a Unidade Básica de Saúde de Mosqueiro manterá o atendimento, assim como a ambulancha que atende à ilha de Cotijuba. (Diário do Pará)

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