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Dimensão mágica da natureza

Todos os elementos da natureza têm alma e devem ser respeitados. Esse é um dos principais valores das religiões indígenas. Voltadas à natureza, têm como elemento essencial a pajelança, que durante séculos foi a ligação mais direta da sociedade com os procedimentos de cura. Segundo o historiador Aldrin Figueiredo, doutor em História, professor da Universidade Federal do Pará e autor do livro “A cidade dos encantados: pajelanças, feitiçarias e religiões afro-brasileiras na Amazônia, 1870-1950”, na década de 1890, quando havia poucas instituições hospitalares, para cada médico que clinicava nos hospitais e consultórios, cinco pajés atendiam em suas casas e eram tão importantes quanto os médicos.

“Eles creem em dimensões diferentes. Além da qual vivemos, existe a dimensão dos encantados, situada muitas vezes em locais mais distantes e profundos, como o fundo de um rio”, explica Aldrin.

Hoje, o sistema complexo se modificou, mas ainda está presente no dia a dia da população paraense, em tantos detalhes que não nos damos conta. “A ideia do ‘remoso’, atribuído a algumas comidas, foi uma forma de explicar animais diferentes. Mesmo os índios que vivem em centros urbanos mantêm as tradições indígenas, afirma. “Nós mesmos fortalecemos essas crenças quando compramos banhos de cheiro, garrafadas na prática da cura, e quando utilizamos objetos típicos da cultura indígena como cuias e redes”.

Essa relação, contudo, está mudando, em dois vieses. “Alguns jovens não se identificam com as tradições indígenas, são adeptos do fast food, da vida contemporânea. Por outro lado, outros tendem ao saudosismo, resgatam o passado. É um processo de recriação”.

Uma curiosidade: a pajelança é um dom, que já nasce com a pessoa. Aos três meses de idade, diz-se que a mãe ouve o filho ‘chorar’ em sua barriga - o primeiro indício de sua característica. Ainda jovem, ele passa por um processo de instrução, que muitas vezes inclui a vida isolada por alguns anos como forma de autoconhecimento e interação com o divino.

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