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Novo cenário para eleições 2012
P: Como o senhor avalia os últimos acontecimentos na política paraense?
R: Primeiro devemos analisar desde as eleições de 2010. Toda eleição majoritária é aquela que se define apenas um candidato, que assumirá o cargo definido, e estes processos se assemelham a corridas de cavalo. Primeiro aparecem vários cavalos, candidatos, mas depois o eleitor, como as pesquisas mostram, tem uma noção do que vai acontecer. E isso significa que posteriormente, no segundo turno, ficam apenas os dois candidatos com mais espaço na mídia, infraestrutura e votos. Em 2010, estes dois candidatos foram Ana Júlia, então governadora, e Simão Jatene, que foi o vencedor da disputa. Isso, porém, já era previsto. Não que a Ana Júlia não tenha feito um bom governo.Ninguém consegue fazer um governo ideal, mas é preciso que a construção coletiva, a base, tenha uma certa harmonia, o que não existe no PT. O PT não é como o PMBD, uma coalizão. Ele é, na verdade, uma reunião de facções, que até se odeiam e acabam prejudicando que está, por acaso, à frente, que era o caso de Ana Júlia. Isso demonstrou que houve uma renovação no jardim secreto do PSDB. Em 2006, esse mesmo jardim ficara dividido entre aqueles que queriam o Almir e os que apoiavam o Jatene. A divisão interna leva então que isso apareça no complexo eleitoral dos sentimentos ocultos.
P: E a saída do Almir do PSDB e depois seu sucessivo apoio a diferentes partidos, pode ser encarado como?
R: Ele estava tentando experimentar. Ao apoiar Ana Júlia, ele fazia aquilo para que o Jatene não ganhasse com uma proporção tão grande de votos. E isso deve ter influenciado. Porque tanto o Jatene como o Almir são construções coletivas. Existe no povo pessoas que os condenam e os admiram.
P: Quais outros acontecimentos dessa eleição trouxeram impactos para o cenário atual?
R: O mais peculiar da última eleição foi a [Lei da] Ficha Limpa, porque foi um projeto que deixou o eleitor confuso e acabou atrapalhando o processo democrático. Isso porque ele não sabia se o candidato teria ou não os votos contabilizados. Por isso, com medo de perder o voto, ele votava nulo ou num segundo candidato.
P: E a postura do Tribunal Regional Eleitoral no Pará nos últimos julgamentos?
R: O TRE sempre agiu certo. Mas o Tribunal Superior Eleitoral [TSE] trabalha na mira da mídia e com mais pressão nacional. É preciso ter coragem de dizer que essas instâncias da Justiça não justicializam a política e sim a política que entra na Justiça. Porque o alcance de méritos, cargos maiores, nessas esferas, se dá com apoio político. Isso é algo que vai ter que ser revisto. O aprimoramento das instituições brasileiras vai ter que ser revisto, para evitar traumas. É preciso garantir que aquelas pessoas que vão ser sabatinadas pelos pares possam ser sabatinadas também pela sociedade civil. Para que a coisa não seja feita no âmbito do político, mas também no âmbito das excelências do saber jurídico, como a Ordem dos Advogados no Brasil [OAB]. Apesar dos problemas que houve aqui no Estado, ela continuará sendo uma instituição de respeito pela sua história. E outros atores da sociedade civil, como o Ministério Público, que desde a Constituição de 1988 é uma conquista da população brasileira.
P: Em dezembro, o Pará todo foi às urnas para opinar sobre a divisão do Estado. Como fica a política paraense depois do plebiscito?
R: O plebiscito cai como uma luva que diferencia os três grandes dedos que são os três Parás: o Pará testemunha, o isolado e o transplantado. Todos os três têm suas lideranças e são elas que vão ditar a campanha municipal de 2012. Esta configuração não define ainda o que vai acontecer, mas é uma fotografia inicial decorrente do processo eleitoral de 2010. Nas outras regiões acontece de forma semelhante. Na verdade, nas análises que fiz, é possível perceber quem é quem no Estado. As pessoas que aparecem são aquelas que têm ativos de poder transpostos em voto. Ou seja, o plebiscito já está influenciando na escolha dos candidatos.
P: O que devemos esperar das eleições para prefeito de Belém?
R: Sobre os possíveis concorrentes que eu já citei, a maior dúvida é sobre o posicionamento do PSDB, se ele vem com candidato próprio ou participará de coligação, e do PT, que escolhe se vem com uma candidatura à esquerda, como a do Edmilson. Acho difícil que Ana Júlia venha para prefeita. Ela acaba de assumir um cargo federal. Ela tem que se preservar para tentar vir como governadora ou senadora. O certo é que não podemos subestimar o Almir e o Edmilson.
P: O senhor acredita que o PSOL terá fôlego e recursos para uma campanha de sucesso?
R: Na minha experiência, os recursos aparecem como caudal de uma liderança aceita. O José Sarney disse uma vez para o Lula: “quando você está na frente nas pesquisas, é mais quem aparece para te ajudar”. A não ser quando os três cavalos estão empatados. Aí sim, os grupos de interesse se mobilizam em torno daquele cavalo que está mais próximo dos seus valores.
P: O tempo que a Marinor ficou no Senado pode influenciar como auxílio à campanha do Edmilson, já que eles são do mesmo partido?
R: Não acho que ela tenha esse poder. Ela não pode tentar ser a “heroína da moral”, porque isso traz um desgaste muito grande. O que as pessoas querem em Belém é ordem e previsibilidade. Não há espaço para pessoas que falem mal dos outros. Candidatos que se agridem em vez de tratar dos problemas da cidade saem perdendo. (Diário do Pará)