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Temporal provoca o caos em Marabá

Um verdadeiro caos. Foi assim que Marabá, sudeste do Estado, amanheceu ontem, Dia de Finados, em razão da forte chuva que caiu sobre a cidade desde a madrugada. A enxurrada atingiu principalmente a periferia do município, mas também alagou grande parte das obras de duplicação da rodovia Transamazônica (BR-230). Os bueiros entupidos foram os grandes vilões, especialmente para as pessoas que moram na área de influência da Grota Criminosa, no núcleo Nova Marabá.

Moradores do Km 7 da Transamazônica chegaram a ocupar a linha do trem, em protesto por projetos de infraestrutura para o bairro, mas foram retirados pela polícia. Enquanto isso, moradores da Folha 29 cortaram a pista da V-2, em frente ao Cemitério da Saudade, para escoar a água que estava represada na Grota Criminosa.

O 2º Disme (Distrito do Instituto de Meteorologia), do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), registrou chuva com intensidade de 115.8 milímetros e rajadas de vento de até 40 quilômetros por hora. O meteorologista Sebastião Moutinho explicou ao DIÁRIO por telefone que a chuva em Marabá se devia a uma formação de nuvens “de grande desenvolvimento vertical, devido ao forte aquecimento”, mas que a situação deveria se normalizar nesta quinta.

Com a forte chuva, houve registro de quedas de árvores, muros derrubados, casas alagadas e moradores ilhados. Para tentar amenizar a situação, os órgãos de segurança do município se uniram e muitas famílias tiveram que ser retiradas de suas casas. Até o início da tarde ainda chovia no município.

DESPREPARO

Joab Pontes, coordenador da Defesa Civil de Marabá, informou que o órgão não estava preparado para um alagamento dessas proporções. “A cidade de Marabá recebeu uma grande carga de água devido à chuva e vários pontos da cidade foram atingidos”, disse, ressaltando que a equipe do órgão é composta por apenas 16 pessoas. Barbosa disse ainda que a Defesa Civil recebeu 112 ligações informando sobre pontos críticos após o vendaval e a grande maioria não foi atendida.

Segundo o coordenador da Defesa Civil de Marabá, o órgão centralizou o atendimento no ponto mais crítico da Nova Marabá, na Folha 20. “Na galeria da Grota Criminosa, todos os anos acontece essa situação e, devido à grande quantidade de lixo lá dentro, a manutenção que o município iniciou ainda não tinha sido concluída”, afirmou.

Joab Pontes admitiu ainda que no núcleo Cidade Nova, obras não concluídas pela prefeitura contribuíram para o transbordamento e alagamento de várias ruas, principalmente nos bairros Amapá, Liberdade e Independência. Até o fechamento desta edição a Defesa Civil não havia confirmado famílias desabrigadas ou ocorrências mais graves, como afogamentos ou pessoas perdidas.

OCORRÊNCIAS

O tenente coronel Marcos Norat, comandante do Corpo de Bombeiros em Marabá, informou que a guarnição atendeu as chamadas desde a madrugada, indo aos pontos mais críticos, uma vez que várias casas alagaram e eles retiraram famílias dos locais.

Estavam de prontidão no Corpo de Bombeiros 15 homens, com a perspectiva de reforço, caso necessário. “Estamos desde a madrugada na rua, operando em algumas residências, para justamente proteger a vida”, disse na manhã de ontem o comandante, orientando que as pessoas que moram em áreas de risco devem ficar em alerta.

A Polícia Militar estava trabalhando em parceria com o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil Municipal. Devido ao alagamento do bairro Nossa Senhora Aparecida, na Nova Marabá, os moradores revoltados bloquearam o trilho do trem. O clima ficou tenso e uma guarnição da Polícia Militar foi encaminhada ao local. “O pessoal que está fazendo a obra é responsável por essa situação e a gente vai ficar apenas monitorando. A gente entende que a reivindicação da população é justa, porque a obra colaborou para esta inundação que aconteceu e o prejuízo que eles tiveram durante a madrugada”, disse o comandante José Sebastião Valente Monteiro Júnior, do 4° Batalhão de Polícia Militar.

Mulher escapa por pouco de morrer levada por enxurrada

Muita gente perdeu quase todos os móveis de casa, como foi o caso de Raimundo Nonato Cunha, de 60 anos, residente na Folha 20. Ele criticou muito a prefeitura por não promover nenhuma ação preventiva. Segundo Nonato, a água subiu 1,5 metro dentro de casa e arrastou fogão, geladeira, mesa e cama.

Um metro e meio também foi a altura a que a água chegou na casa de Adeilce da Silva Santos, que tem uma filha portadora de necessidades especiais. Ela também mora na Folha 20 e foi socorrida de madrugada pelo seu irmão, o mototaxista Flávio Santos, de 42 anos. Ele reclamou da quantidade de sujeira nas ruas, que acabou entupindo os bueiros.

Na Folha 29, os moradores não ficaram apenas nas críticas: abriram uma vala de uma extremidade a outra da pista da V-2 para liberar a água da Grota Criminosa. Segundo Jaime Ferreira da Silva, de 27 anos, foi a única alternativa encontrada para evitar prejuízos maiores.

O rapaz, que mora há sete anos no local, diz que esta não foi a primeira vez que isso aconteceu. “Quem obrigou a gente a fazer isso aqui foi o prefeito”, afirma.

Pelos lados da Cidade Nova, os bairros mais periféricos foram extremamente prejudicados. Na rua Cecília Meireles, que fica no bairro Bom Planalto, a Quadra 67 ficou inteiramente alagada e uma moradora, que tentou sair de casa, por pouco não foi arrastada pela enxurrada. Ela foi salva pelos vizinhos, que ouviram os gritos de socorro.

Diante deste cenário, os motoristas que se arriscaram a passar pela Rodovia Transamazônica, entre a ponte do rio Itacaiúnas e o viaduto que dá acesso à VP-8, na Nova Marabá, passaram um sufoco tremendo. A água encobriu vários trechos das pistas em obras e houve pequenos desmoronamentos das vias centrais que ainda não foram rebaixadas.

DEFESA CIVIL

Quem quiser entrar em contato com a Defesa Civil em Marabá pode ligar para 190, (94) 3321-8990 ou (94) 9163-6718.

PREVISÕES

Segundo a meteorologia, o temporal foi causado por uma formação peculiar de nuvens, mas não deve voltar a chover hoje em Marabá.

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